Um ensaio sobre Resiliência

Pensando nos conceitos físicos de tenacidade e resiliência, sendo o primeiro a capacidade do material de absorver energia externa até sua fratura, e o segundo, a capacidade do material descarregar essa energia aplicada e retornar a sua forma inicial. Começo a pesquisa com um planejamento quase ilustrativo sobre a ideia, e ao descobrir os apontamentos de Ingold, que disserta: se eu começo com um projeto, este que não dá espaço a coisa, tratando-a apenas como um material, um meio para um fim, acabo por desprezar o fazer. Portanto, ao reconhecer meu erro, faço o paralelo entre essa discurssão apontada por Ingold. Aquilo que fora planejado, estudado e esperado, e o descoberto, experimental. Uma peça trás a dureza do pensar artístico, em que não se respeita a materialidade em sua comunicabilidade, em seu fluxo de existência. E outra, que trás a comunicação da argila em diálogo com suas possíbilidades físicas. A argila, nesse ponto, entra não só como suporte, mas como detentora de sentido. Reconheço sua existência, a modifico, e respeito seus limites.
A argila é viva.
Em uma peça, ela não sofre alterações: é uma simulação artificial de adaptação. A segunda, é a de fato tenaz. O cruel processo da resiliência.

Partindo dessa perspectiva, os objetos transformados nos dão a experiência visual da brutalidade de um processo adaptativo. Em um mundo pós-moderno, pós-pandêmico, pós/pré guerra, somos levados diariamente a nosso limite. E ainda sim, continuamos.